O fim do golpe da TelexFree |
Nesta segunda-feira (11 de março de 2013), através de sua
página no Facebook, a empresa TelexFree deu ordem de debandada a seus
divulgadores. Meia hora antes, Luis Nassif, publicou em seu blog, um pequeno
organograma, com vários sites que faziam parte do esquema.
Foi o fim de cinco dias de luta surda, na qual o blog foi
derrubado dezenas de vezes pela quadrilha, para impedir de veicular detalhes da
denúncia.
À tardinha, a Secretaria Especial de Acompanhamento
Econômico (SEAE) do Ministério da Fazenda informou que estava aguardando apenas
um parecer da Procuradoria da Fazenda para acionar a Polícia Federal e o
Ministério Público.
Chega ao fim o mais atrevido golpe já perpetrado contra o
consumidor brasileiro. Durante um ano, o esquema TelexFree envolveu um milhão
de pessoas e movimentou mais de R$ 300 milhões através de uma versão online do
velho golpe da pirâmide.
O esquema surgiu inicialmente em 2009, montado pelo aventureiro
capixaba Carlos Wenzeler, através de um site denominado de Disk à Vontade.
Para entrar no jogo, a pessoa tinha que pagar de US$ 200 a
US$ 1.000 dólares. Depois, colocar publicidade em sites de Internet dos
serviços de VoIP (telefonia pela Internet) da TelexFree. Por cada publicidade
colocada, a pessoa receberia US$ 20.
Acontece que toda a remuneração dos primeiros da fila era
bancada pelos últimos que entravam – como em toda pirâmide, levando ao estouro
da boiada depois de algum tempo.
A versão inicial do golpe demorou um pouco a decolar devido
à falta de confiabilidade na empresa. Wenzeler deu o segundo passo. Foi até os
Estados Unidos, localizou uma pequena empresa de VoIP e tornou-se sócio dela. A
empresa tinha um pequeno escritório virtual em um grande prédio de
Massachusetts. No site da TelexFree o prédio era apresentado como se fosse
totalmente da empresa. E o sócio norte-americano como se fosse um gênio do
marketing.
A publicidade da TelexFree ganhou impulso quando passou a
veicular que a TelexFree americana era uma multinacional que existia desde
2002.
O passo seguinte foi arregimentar uma verdadeira quadrilha
de oportunistas, espalhada por todo o país. Essas sub-quadrilhas montaram sites
usando o nome da TelexFree na URL (o endereço da Internet). E inundaram o
Youtube com vídeos vendendo as maravilhas do enriquecimento fácil.
A grande questão que se levanta é o fato da quadrilha ter
agido por tanto tempo sem ser incomodada.
Os Procons do Acre e do Mato Grosso solicitaram informações
à SEAE. Houve dificuldade em qualificar a natureza do crime. Por outro lado,
não se sabia se a repressão deveria partir de Ministérios Públicos estaduais ou
do Federal; se da Polícia Civil dos estados ou da Polícia Federal.
A cada dia que passava, mais consumidores eram prejudicados.
Pululavam depoimentos de pessoas que chegaram a vender a casa para entrar no
negócio.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou que
o governo daria toda ênfase à defesa do consumidor.
O primeiro passo é aparelhar o Estado de ferramentas legais
para coibir os velhos crimes que adquirem feição nova através de novas
tecnologias.
Da redação do S1 Notícias
Com informações de Luis Nassif