Desta vez, porém, quem fez o 2 a 1 foi o Brasil, que espantou o fantasma uruguaio e as memórias de 1950 e carimbou a ida à final da Copa das Confederações. A vitória, selada com gols de Fred e Paulinho, nos momentos finais - e com direito a momentos de forte tensão - garantiu a chance do tetracampeonato brasileiro na competição.
Jogando diante de 57.000 pessoas no Mineirão, a seleção desta vez não foi bem: ao contrário das partidas da fase de grupos, em que mostrou um futebol dinâmico e convincente, desta vez a equipe de Luiz Felipe Scolari esbarrou na força e na disciplina tática dos uruguaios.
Na bola parada, arrancou o gol da vitória e seguiu com sua campanha irrepreensível: quatro jogos, quatro vitórias. O vencedor agora embarca rumo ao Rio de Janeiro, onde disputa a grande final, no domingo, às 19 horas (de Brasília), no Maracanã, contra o vencedor da outra semi, entre Itália e Espanha, na quinta, na Arena Castelão, em Fortaleza. Os perdedores vão para Salvador, onde acontece a disputa de terceiro lugar, também no domingo, às 13 horas.
Sustos - Muito experiente, a equipe uruguaia não permitiu que o Brasil repetisse o início sufocante de suas três primeiras partidas na competição. Além de não deixar que a seleção pressionasse, o time visitante adiantou sua marcação e também buscou atacar, esfriando a animação da torcida mineira.
Com o jogo embolado e travado, o Uruguai mantinha a bola no campo de ataque, conseguindo vários escanteios. Na cobrança de um deles, David Luiz agarrou Lugano na área de forma bisonha e cometeu pênalti, aos 13 minutos.
Diego Forlán bateu no canto esquerdo de Júlio César, que pulou no momento certo e espalmou para fora, levantando o público, que parecia muito assustado com o domínio uruguaio. O primeiro chute a gol do Brasil aconteceu só aos 16 minutos, com Oscar, de longe, batendo por cima. Por volta dos 20 minutos, a equipe de Felipão enfim começou a criar dificuldades para os uruguaios, mantendo a posse de bola por mais tempo e cruzando bolas perigosas sobre a área defendida pelo goleiro Muslera. Aos 23, numa temtativa pelo alto na pequena área brasileira, Júlio César e David Luiz se enroscaram e Rodriguez quase marcou de cabeça, encobrindo o goleiro. O torcedor mineiro sofria com as dificuldades encontradas pela seleção.
O Brasil só voltou a criar uma oportunidade de gol aos 27 minutos, quando Hulk, aos trancos e barrancos, invadiu a área, aproveitou uma sobra e chutou de perna esquerda, forte mas totalmente fora do alvo. Mas o Uruguai não se contentava em defender: aos 29, Forlán recebeu da esquerda, deu um belo giro e quase acertou o ângulo de Júlio César.
Na reta final do primeiro tempo, a torcida aplaudia e vibrava com Neymar - não pela atuação do craque, que era discreta, mas por perceber que só um lampejo de criatividade do camisa 10 seria capaz de surpreender o fortíssimo esquema defensivo celeste. Aos 36 minutos, o centroavante Fred foi acionado pela primeira vez, mas dividiu com o zagueiro Godín e não conseguiu acertar a finalização. Na segunda oportunidade, o camisa 9 não perdoou. Aos 40 minutos, Neymar recebeu lindo lançamento em profundidade de Paulinho e tocou na saída de Muslera, que abafou.
A bola sobrou para Fred, que precisou de um leve toque para empurrar para as redes. O Brasil terminava o a etapa inicial no lucro: além do pênalti desperdiçado por Forlán e das boas situações criadas pelo ataque celeste, o Brasil, pouco inspirado e refém da arapuca montada pelo técnico Óscar Tabárez, fazia sua pior exibição até agora no torneio.
Equilíbrio - O placar ficou mais justo logo aos 2 minutos da etapa final, quando Edinson Cavani aproveitou uma série de falhas da zaga brasileira e, depois de um corte malfeito do capitão Thiago Silva, bateu seco e rasteiro, deixando tudo igual.
O Mineirão ficou em silêncio. Mostrando maturidade, Neymar não se abalou com o gol uruguaio e passou a chamar a responsabilidade para si, tentando várias jogadas em velocidade pelo lado esquerdo. Nada que intimidasse a sempre corajosa seleção celeste, que jogava de igual para igual, também buscando o ataque. A falta de criatividade do Brasil, muito previsível em suas investidas, era preocupante. Felipão chamou o caçula Bernard, ídolo do Atlético-MG, para tentar mudar o jogo. Hulk deixou o campo.
Aos 21 minutos, Bernard fez sua primeira boa jogada, fintando e cruzando para Fred finalizar com perigo. Em nova jogada iniciada por ele, Oscar achou Neymar, que bateu forte, mas Muslera agarrou. Na metade do segundo tempo, o Brasil enfim pressionava e era incentivado pelo público. Felipão decidiu colocar Hernanes no lugar de Oscar. Mas quem levava perigo era o Uruguai - aos 33 minutos, Cavani quase virou após jogada de Suárez. O gol salvador veio aos 40 minutos, quando os uruguaios já pareciam satisfeitos com a ideia de jogar a prorrogação. Após cobrança de escanteio de Neymar, Paulinho subiu no segundo pau e escorou firme, fuzilando Muslera.
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