Músico, que lutava há mais de seis anos contra um câncer de pulmão, estava internado desde o dia 13 de janeiro na capital paulista
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Fotos: Reprodução/S1 Notícias |
Dominguinhos foi internado em estado grave no CTI (Centro de
Terapia Intensiva) do Hospital Santa Joana, no Recife, no dia 17 de
dezembro do ano passado. Pouco menos de um mês depois, em 13 de janeiro, ele
foi transferido para o Sírio-Libanês, em São Paulo, a pedido de familiares
Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital
paulista, Dominguinhos morreu às 18h, em decorrência de complicações
infecciosas e cardíacas. Além do problema pulmonar, o músico era diabético.
O velório será realizado em São Paulo, enquanto o enterro
ocorrerá no Recife. Ainda não foram confirmados os locais dos trabalhos.
A carreira do sanfoneiro pernambucano Dominguinhos
Dominguinhos no Prêmio
Shell, em 2010
Foto: AgNews
|
Dominguinho nasceu em Garanhuns no dia 12 de fevereiro de
1941. Começou a tocar sanfona de oito baixos ainda criança, no grupo Os Três
Pinguins, formado com mais dois irmãos. No grupo também tocava triângulo.
Considerado o sanfoneiro mais importante do país e herdeiro
artístico de Luiz Gonzaga (1912-1989), José Domingos de Morais nasceu em
Garanhuns, no agreste de Pernambuco. Conheceu Luiz Gonzaga com 8 anos. Aos 13
anos, morando no Rio, ganhou a primeira sanfona do Rei do Baião, que três anos
mais tarde o consagrou como herdeiro artístico.
Em 1964, lançou o primeiro álbum da carreira, "Fim de
Festa". Em 1975, gravou um dos maiores sucessos, "Eu Só quero um
Xodó", que ganhou versões em outros idiomas. O sanfoneiro fez parceria com
Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Elba Ramalho, dentre
outros.
Em 2002, Dominguinhos ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum
Regional por "Chegando Mansinho". Oito anos depois foi homenageado no
Prêmio Shell de Música.
Gonzagão - O sanfoneiro teve uma grande amizade com Luiz Gonzaga, que considerava um mestre. Em entrevista ao IG, em 2011, ele explicou como conheceu o rei do baião. "Conheci Gonzaga até sem saber quem era. Eu tinha oito anos, não sabia quem era artista nenhum. Eu e meus irmãos tocávamos na porta do hotel em que ele ficou. Eu tocava pandeiro. Botaram a gente pra tocar lá pro homem. Ele nos deu o endereço dele no Rio, nos deu dinheiro. Passados alguns anos, meu pai um dia se cansou de Garanhuns, pegamos um caminhão pau-de-arara, 11 dias de viagem, e fomos bater em Nilópolis (RJ). Aí eu tinha 13 anos. Ficamos em Nilópolis a vida toda, ali casei e tive família. Gonzaga deu uma sanfona para meu pai na mesma hora em que chegamos. Pronto, ficou nosso amigo e me protegendo".
Discografia
1964 - Fim de Festa
1965 - Cheinho de Molho
1966 - 13 de Dezembro
1973 - Lamento de Caboclo
1973 - Tudo Azul
1973 - Festa no Sertão
1974 - Dominguinhos e Seu Acordeon
1975 - Forró de Dominguinhos
1976 - Domingo, Menino Dominguinhos
1977 - Oi, Lá Vou Eu
1978 - Oxente Dominguinhos
1979 - Após Tá Certo
1980 - Quem me Levará Sou Eu
1981 - Querubim
1982 - A Maravilhosa Música Brasileira
1982 - Simplicidade
1982 - Dominguinhos e Sua Sanfona
1983 - Festejo e Alegria
1985 - Isso Aqui Tá Bom Demais
1986 - Gostoso Demais
1987 - Seu Domingos
1988 - É Isso Aí! Simples Como a Vida
1989 - Veredas Nordestinas
1990 - Aqui Tá Ficando Bom
1991 - Dominguinhos é Brasil
1992 - Garanhuns
1993 - O Trinado do Trovão
1994 - Choro Chorado
1994 - Nas Quebradas do Sertão
1995 - Dominguinhos é Tradição
1996 - Pé de Poeira
1997 - Dominguinhos & Convidados Cantam Luiz Gonzaga
1998 - Nas Costas do Brasil
1999 - Você Vai Ver o Que é Bom
2001 - Dominguinhos Ao Vivo
2001 - Lembrando de Você
2002 - Chegando de Mansinho
2004 - Cada un Belisca un Pouco
2005 - Elba Ramalho & Dominguinhos
2006 - Conterrâneos
2007 - Canteiro
2008 - Yamandu + Dominguinhos
1965 - Cheinho de Molho
1966 - 13 de Dezembro
1973 - Lamento de Caboclo
1973 - Tudo Azul
1973 - Festa no Sertão
1974 - Dominguinhos e Seu Acordeon
1975 - Forró de Dominguinhos
1976 - Domingo, Menino Dominguinhos
1977 - Oi, Lá Vou Eu
1978 - Oxente Dominguinhos
1979 - Após Tá Certo
1980 - Quem me Levará Sou Eu
1981 - Querubim
1982 - A Maravilhosa Música Brasileira
1982 - Simplicidade
1982 - Dominguinhos e Sua Sanfona
1983 - Festejo e Alegria
1985 - Isso Aqui Tá Bom Demais
1986 - Gostoso Demais
1987 - Seu Domingos
1988 - É Isso Aí! Simples Como a Vida
1989 - Veredas Nordestinas
1990 - Aqui Tá Ficando Bom
1991 - Dominguinhos é Brasil
1992 - Garanhuns
1993 - O Trinado do Trovão
1994 - Choro Chorado
1994 - Nas Quebradas do Sertão
1995 - Dominguinhos é Tradição
1996 - Pé de Poeira
1997 - Dominguinhos & Convidados Cantam Luiz Gonzaga
1998 - Nas Costas do Brasil
1999 - Você Vai Ver o Que é Bom
2001 - Dominguinhos Ao Vivo
2001 - Lembrando de Você
2002 - Chegando de Mansinho
2004 - Cada un Belisca un Pouco
2005 - Elba Ramalho & Dominguinhos
2006 - Conterrâneos
2007 - Canteiro
2008 - Yamandu + Dominguinhos
Amigos homenageiam Dominguinhos em notas e nas redes sociais:
O cantor ao lado de Ivete Sangalo
Foto: Divulgação
|
"Perdi um amigo e um parceiro querido", afirmou o
cantor Chico Buarque à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa.
Já o músico Chico César ressaltou a "lacuna"
deixada por Dominguinhos.
"É uma grande perda para a música brasileira, para a
música nordestina. Agora, com a morte dele, fica uma lacuna na música",
disse.
"Do ponto de vista humano, é uma pena também. Ele era
quase um buda, sempre passando aquela imagem tranquila, serena, sempre amoroso
com todo mundo. A gente vinha percebendo que ele sofria há muito tempo, né.
Então talvez ele tenha partido no seu momento certo. Mas, ainda assim, é uma
pena", completou.
Leia abaixo o que disseram outros artistas e personalidades:
"Tive uma experiência longa e muito rica com
Dominguinhos. Desde meu primeiro disco ele participou, tocou sanfona. Se
apresentou muito tempo comigo, fez parte da minha banda, viajava comigo. Ele
foi um parceiro, um grande amigo. Foi uma referência extraordinária, o maior
sanfoneiro que esse país já teve. Ele tinha uma experiência fascinante como
artista e deixa uma obra belíssima, uma das obras mais importantes do Brasil,
sem perder seu pé no Nordeste. É uma perda muito grande, porque é um artista
aqui do Nordeste que amava sua terra, que viajava o Nordeste de ponta a ponta
de carro, se apresentando. Mas, ao mesmo tempo, é um alivio, porque ele vinha
sofrendo muito."FAGNER, cantor
"Os músicos nordestinos respeitam o Dominguinhos como
os músicos de bossa nova respeitam o Tom Jobim. Dominguinhos, além de ter
revolucionado seu gênero musical, ainda era um sujeito muito generoso."
CARLOS MARCELO, autor do livro
CARLOS MARCELO, autor do livro
"O Fole Roncou", sobre a história da
música nordestina
"Eu conhecia o Dominguinhos, é uma flor de pessoa. Uma
curiosidade é que duas ou três vezes eu cantei junto com ele a música 'Baião'.
Claro que cantar ao lado de Dominguinhos era uma moleza, você não desafina, vai
seguindo ele. Ao meu ver, ele era mais complexo que o Luiz Gonzaga, foi mais
além. Ele cantou uma música em 2002 para minha campanha e cantou para a
campanha do Fernando Henrique também. A contribuição para a campanha do
Fernando Henrique foi imensa. O FHC ganhou [a eleição], então sempre fica mais
associado a ele. Foi um papel importante na época, até para elevar o astral da
campanha, a música tinha letra do bem. [Serra canta o jingle "nas minhas
mãos, nas tuas mãos, nas mãos da gente (...) Fernando Henrique
presidente!"] Por mais nacional que fosse, ele era a cara da música tradicional
do Nordeste." JOSÉ SERRA, político
"Perdemos Dominguinhos. Um dos mais talentosos músicos
populares que o Brasil já teve, ilustre representante da cultura do Nordeste.
Soube manter o legado de Luiz Gonzaga, do qual foi o principal herdeiro, e
também construir um caminho próprio, dos mais belos, tornando a sua
contribuição inestimável."
MARTA SUPLICY, ministra da Cultura, em nota
MARTA SUPLICY, ministra da Cultura, em nota
"A música do Brasil está de luto. Ele foi um cara que
me ensinou tanta coisa, foi tão generoso de coração. Tive uma experiência
maravilhosa com ele, gravamos dois CDs juntos e um DVD e fizemos alguns shows.
Eu o conheci quando eu tinha 15 anos, aqui em Porto Alegre, tocando com o
Renato Borghetti e com o Luiz Carlos Borges. E agora nós estamos a caminho de
outro show juntos, que vamos então dedicar ao Dominguinhos. Conviver com ele
foi uma experiência espetacular. Mudou muito minha percepção da música. Ele foi
um sanfoneiro ímpar no país, não tem como substituir esse músico. Foi um
mestre, estou acabado." YAMANDU COSTA, instrumentista
"Posso dizer que eu conheci o Brasil a partir do
projeto idealizado pelo Dominguinhos, chamado Asa Branca, do que qual tive a
honra de participar. Ele dizia assim: "nossa, como você tem dedos rápidos
no instrumento. Mas olha, quando tu for mais velho, vai ver que uma nota bem
colocada vale por muitas. Para todos os tocadores de sanfona, ou gaita (como
chamam aqui no Sul), para todos os acordeonistas, o Dominguinhos era o maior
nome. Ele manteve seu lado regionalista com um refinamento fora do comum. Ele
tinha uma excelência fazendo uma música da terra, com um refinamento que
passava pela composição, melodia e pelos arranjos. Era um compositor
magnífico."RENATO BORGHETTI, acordeonista
"Ele deixou um legado muito importante para a música
popular nordestina. Era um grande amigo, meu conselheiro. Ele, generoso que
era, ensinou a muitos músicos como reconhecer a administrar o dom da música,
sempre com humildade e generosidade. A sanfona no Brasil tem uma trindade
sagrada: Luiz Gonzaga, Sivuca e Dominguinhos." OSWALDINHO DO ACORDEON, músico
"Eu queria pedir rapidamente que nosso pensamento se
elevasse a Deus, pedindo pelo sufrágio da alma de nosso querido mestre, meu
queridíssimo irmão e grande amigo Dominguinhos, que agora descansa nos braços
de Deus." ELBA RAMALHO, cantora, em show em Aparecida (SP)
"O Dominguinhos foi uma cria de muito talento do Luiz
Gonzaga, e que, de certa maneira, no instrumento deles, o acordeon, ia além do
Gonzaga. Tinha mais recursos. O Gonzaga era mais criador; o Dominguinhos, mais
virtuoso, requintado. Mas esse tipo de música que eles fizeram, que o
Dominguinhos fez inclusive em parceria com gente mais jovem, não tem
continuadores, porque agora essa música está ligada à evolução do instrumental
eletroeletrônico. Ele foi um grande instrumentista de um gênero de música
popular que está vendo desaparecer seus últimos representantes."
JOSÉ RAMOS TINHORÃO, pesquisador musical
JOSÉ RAMOS TINHORÃO, pesquisador musical
"Dominguinhos expressou como ninguém a alma nordestina.
Suas canções e sua criatividade genial constituem para sempre parte fundamental
da cultura brasileira. Em nome do povo de Pernambuco, do meu próprio e da minha
família, quero manifestar o meu pesar e a minha solidariedade à família e aos
amigos deste grande brasileiro." EDUARDO CAMPOS, governador de Pernambuco, em nota oficial. Ele também declarou
luto de três dias no Estado pela morte do músico.
"Vá em paz, Dominguinhos. Sentirei saudade do seu
sorriso, mas você é maravilhoso e nos deixou a sua música."IVETE SANGALO, cantora, no Instagram
"Mestre, agora a gente que chora."KARINA BUHR, cantora, no Twitter
"Mestre Dominguinhos, que Deus te receba num cantinho
mais especial do Céu!" FRANK AGUIAR, músico, no Instagram
"Que Dominguinhos tenha o amor e a paz na mesma
proporção da beleza e paz que suas canções nos proporcionam. Muito amor
sempre." VANESSA DA MATA, cantora, no Twitter
"Meus sentimentos aos familiares e amigos do
Dominguinhos, que faleceu aos 72 anos no início desta noite em São Paulo. O
cantor e compositor pernambucano foi embaixador da cultura nordestina em nosso Estado,
divulgando o forró e o baião nos palcos paulistas."GERALDO ALCKMIN, governador de São Paulo, no Twitter
"Muito amor onde você estiver, grande
Dominguinhos!"ROBERTA CAMPOS, cantora, no Instagram
"Estou com o coração apertado pela morte do amado Dominguinhos.
Uma das melhores pessoas que eu já conheci e um artista extraordinário."
DANIELA MERCURY, cantora, no Twitter
DANIELA MERCURY, cantora, no Twitter
Assista a reportagem do Globo News:
Assista algumas performances de Dominguinhos: