Missionaria da Assembleia de Deus vive dilema político

Mas o que pode ser
benéfico para muitos deve ser um empecilho para sua eleição a presidente no ano
que vem. Na última eleição ela obteve cerca de 20 milhões de votos pelo Partido
Verde (PV). Atualmente tem trabalhado para fundar o partido Rede
Sustentabilidade, mas para isso precisa da assinatura de pelo menos 500 mil
eleitores.
Seus apoiadores tem usado eventos religiosos como a Marcha
para Jesus para colher assinaturas para a fundação da Rede. Contudo, militantes
do grupo empenhado na criação da sigla diz que isso pode ser a maior barreira
para a candidata.
Numa reunião com “mobilizadores” da Rede, Rafael Poço, um
dos principais colaboradores de Marina explicou que existe uma “tentativa de
associar conservadorismo à religião” fruto de debates políticos como os que
envolveram Marco Feliciano (PSC-SP), que além de deputado é pastor da Assembleia
de Deus.
“Notícias foram claramente manipuladas para associar a
religião a uma coisa negativa. Senti isso nas ruas e vocês provavelmente
sentiram também”, discursou Poço aos voluntários da Rede. Como estratégia, ele
pede que evite-se discussões sobre esse tema e enfatizou que “o respeito ao
Estado laico está no nosso estatuto”.
Curiosamente, outra colaboradora da Rede afirmou que
encontrou boa receptividade das pessoas na coleta de assinaturas em eventos
como a Parada Gay, a Marcha das Vadias e a Marcha da Maconha, justamente
movimentos aos quais os evangélicos se opõem.
Marina disse em maio ser ”um erro criticar Feliciano
por ser evangélico” e não “por suas posições políticas equivocadas”. Contudo,
essas declarações foram interpretadas por certos grupos como uma defesa do
deputado e por muitos evangélicos como uma crítica ao político que virou
símbolo do conservadorismo no país. Ela conseguiu assim desagradar a ambos.
Desde então começou a dar outro tom a seus discursos:
“Se há um desejo em fazer um debate sobre a necessidade de deixar claro que o
Estado é o Estado laico, não há problema. Minha convicção me diz que o melhor
para todos, quem crê e quem não crê, é o Estado laico”, enfatiza.
Embora ainda falte muito tempo para a campanha de 2014 começar
surge a dúvida de como a questão religiosa irá ajudar ou atrapalhar as
pretensões de Marina. Há um temor que ocorra com ela algo semelhante ao que
aconteceu com Celso Russomano em São Paulo que viu sua candidatura decolar
graças aos evangélicos e acabou sendo um trunfo para que seus opositores o
atacassem. Ele não se elegeu.