Segundo a procuradora do Ministério Público de Goiás, Mariane Guimarães, Justiça e Polícia não conseguirão, sozinhas, solucionar o problema
A procuradora do Ministério Público de Goiás, Mariane
Guimarães, afirmou ao site de VEJA que a força-tarefa dos MPs de todos os
estados brasileiros criada para investigar casos de pirâmide financeira no país
já aponta a existência de mais de 80 empresas suspeitas. Em julho, eram 33
empresas investigadas.
A lei nº 1.521 prevê pena de seis meses a dois anos de
prisão para quem comete o crime de formação de pirâmide financeira – o que, na
maioria dos casos, acaba se convertendo em prestação de serviços comunitários
ou pagamento de cestas básicas. “Não cabe prisão preventiva, nem temporária”,
afirma o procurador da República Helio Telho, também do MP de Goiás. Segundo
Telho, se não houver punição mais forte, a perpetuação dos esquemas não terá
fim. “Eles (os donos das pirâmides) usam laranjas pra esconder parte do
dinheiro. Quando investigados, conseguimos pegar algo, mas eles desviam a maior
parte”, afirma o procurador.
Na última semana, Mariane Guimarães participou de um
congresso de MPs em Belém, no Pará, no qual detalhou, em sua palestra, como
funcionam os esquemas de pirâmide. “Um dos objetivos desse congresso foi
definir uma minuta de anteprojeto para encaminharmos ao Congresso. Nós precisamos
de mais instrumentos para combater isso”, afirma.
Na Câmara dos Deputados, em Brasília, uma audiência pública
mista também ocorreu na semana passada, na qual estiveram presentes o diretor
da TelexFree, Carlos Costa, e representantes da BBom e outras empresas que
afirmam trabalhar com o modelo de marketing multinível. Depois da audiência,
deputados como Perpétua Almeida (PC do B-AC) e Acelino Popó (PRB-BA) afirmaram
que criarão uma frente parlamentar para defender a atuação da TelexFree. Popó
será o presidente da frente.
Pirâmide - O crime de pirâmide financeira se confunde,
muitas vezes, com o modelo de marketing multinível, pois ambos trabalham com o
conceito de agregar associados à rede de vendas. A diferença entre eles é que
no segundo, legal, a remuneração dos associados e vendedores é atrelada ao
volume de vendas e não ao número de associados angariados. O modelo de pirâmide
é insustentável no longo prazo porque a base de potenciais associados fica, com
o tempo, mais estreita - e a receita da companhia com a venda dos produtos não
consegue ser suficiente para remunerar as comissões de todos os associados.
No caso da TelexFree, era comercializado um sistema de
telefonia via internet considerado clandestino pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel). Já a BBom, a inserção de novos integrantes na rede
era feita sob a alegação de que eles seriam parceiros em um comércio de
rastreadores, que, segundo a investigação, era de fachada. Os bens das duas
empresas foram bloqueados pela Justiça e elas estão impedidas de atuar.
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