Exército jihadista quer eliminar os “cruzados” cristãos.
![]() |
Foto: Reprodução |
Os horríveis ataques contra ortodoxos, maronitas e católicos
são justificados pelo apelido de “cruzados” que receberam dos soldados
rebeldes. Moradores que fugiram da pequena cidade de Maalula contaram a
jornalistas da agência France Press que desde que os jihadistas invadiram a
cidade, na semana passada, estão forçando as pessoas a se converter ao
islamismo.
“Eles chegaram à nossa cidade ao amanhecer… gritavam: ‘Nós
somos da Frente Al-Nusra e viemos tornar a vida miserável para os cruzados”,
disse uma mulher identificada como Marie que agora está refugiada na capital
Damasco. O termo “cruzados” remete aos soldados cristãos que participaram das
Cruzadas que tentaram retomar Jerusalém das mãos dos árabes na Idade Média.
Uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo, Maalula
se tornou um símbolo internacional por seu valor estratégico na ameaça de
tomada da capital, que marcaria a derrota do regime de Bashar Al-Asaad. A
pequena cidade vivia em harmonia religiosa há séculos. No verão, a população é
de 4.500 pessoas, dentre elas cerca de 3.000, na maioria cristãos, vêm de
Damasco e de outros países. Já no inverno a população fica reduzida a duas mil
pessoas, e então os muçulmanos são a maioria.
Marie estava entre as centenas de outros cristãos que
participaram do enterro de cristãos que acabou se tornando uma marcha de
protesto contra os invasores patrocinados pela Al Qaeda. O movimento
enfureceu ainda mais alguns líderes dos rebeldes que ocupam a cidade.
Adnan Nasrallah, 62, conta que uma explosão destruiu parte
de uma igreja perto de sua casa. “Eu vi pessoas usando faixas da Al-Nusra na
cabeça que começaram a atirar nas cruzes. Um dos atiradores, colocou uma
pistola na cabeça do meu vizinho e obrigou-o a se converter ao Islã,
obrigando-o a repetir que só Alá é Deus e Maomé o único profeta… Depois, ele
disse aos outros soldados: Este é um dos nossos agora”.
Nasrallah disse que quando os rebeldes chegaram à cidade,
muitos de seus vizinhos muçulmanos se alegraram, mas nem todos.
Outra moradora de Maalula, a jovem Rasha conta que os
jihadistas assassinaram brutalmente seu noivo Atef e outros cristãos da cidade.
“Liguei para o celular e um deles respondeu: Bom dia. Somos
do Exército Livre da Síria. Você sabia que seu noivo era um membro que apoiava
o regime [do presidente] e por isso tivemos de cortar a garganta dele?”
Enquanto Rasha ainda tentava entender o que estava
acontecendo, o homem contou sarcasticamente que Atef foi “convidado” a
renunciar sua fé e se converter ao islamismo, mas se recusou. “Jesus não veio
para salvá-lo”, finalizou o rebelde.
0 comentários:
Postar um comentário