A jovem de 19 anos teve imagens íntimas divulgadas nas redes sociais. Em entrevista exclusiva, ela desabafa: 'Queria ter minha vida de volta'
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Fonte das Imagens: Reprodução |
Abalada e com o visual diferente, para não ser reconhecida
nas ruas, ela conta que está há praticamente 20 dias sem sair de casa. A
estudante, que era vendedora em uma loja de roupas, resolveu falar publicamente
sobre o caso, que ela considerou "humilhante", porque, segundo ela,
está sendo condenada por muitas pessoas que não conhecem toda a história.
“Eu não cometi nenhum crime. Mas pessoas me ofendem
virtualmente e moralmente. Muita gente me chamou de vadia, prostituta. Um homem
chegou a me mandar uma mensagem falando que viria a Goiânia no final de semana
e que me pagava R$ 10 mil para sair com ele”, afirma.
A situação chegou ao ponto de influenciar as colegas de
trabalho. “Chegavam na loja e ofereciam programa [sexual] pra elas”. Ela foi
afastada do trabalho até que a situação se acalmasse. No entanto, a vendedora
não sabe se voltará. “Gosto muito de trabalhar lá. Mas não sei quando
conseguirei voltar”.
O curso de design de interiores em uma escola particular de
Goiânia também foi abandonado. “Meus professores e meus colegas conhecem minha
índole. Eles estão me ajudando e estou recebendo as aulas por internet. Não vou
parar de estudar”.
A vendedora ressalta que vai ser difícil retomar sua rotina:
“Queria ter minha vida de volta. Eu morri em vida. Vai ser um trauma que eu vou
levar para a vida toda”.
Ela registrou um boletim de ocorrência no último dia 3. A
Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), em Goiânia, está
investigando o caso, que ganhou grande repercussão na internet. "Acho que
nem ele [ suspeito] imaginava que fosse tomar essa proporção. Não tem como
controlar e estipular quantas pessoas viram. Não tem como pegar o celular de
todo mundo e apagar", disse. Ela pede que as pessoas denunciem o link do
vídeo para que as imagens sejam retiradas da web.
Além do apoio de familiares e amigos, a estudante afirma que
as redes sociais têm ajudado a “erguer a cabeça”. “Criaram páginas de apoio.
São mais de 35 mil pessoas me dando força, enviando mensagens, até gente de
outros países. Inclusive, outras pessoas que passaram por situação parecida dão
o seu depoimento. Do mesmo jeito que tem gente me criticando, tem gente me
apoiando”.
Vídeos
Nos vídeos divulgados em mensagens de celular e na web, é possível ver a estudante em atos sexuais. O caso ganhou repercussão e virou meme [termo usado para frases, imagens e vídeos que se disseminam na internet de forma viral] nas redes sociais.
Nos vídeos divulgados em mensagens de celular e na web, é possível ver a estudante em atos sexuais. O caso ganhou repercussão e virou meme [termo usado para frases, imagens e vídeos que se disseminam na internet de forma viral] nas redes sociais.
As gravações se propagaram rapidamente pelo aplicativo de
celular. Em um dos vídeos, a jovem aparece fazendo um sinal de 'OK'. O símbolo
virou piada nas redes, com montagens de políticos. Fotos de celebridades
fazendo o sinal de OK também começaram a ser usadas pelos internautas. No
entanto, algumas imagens teriam sido tiradas antes da polêmica e não se referem
ao
A estudante conta que ficou sabendo do vídeo por uma amiga,
no dia 3 de outubro, enquanto trabalhava. “A primeira coisa que eu fiz foi
ligar pra ele [suspeito]. Ele negou e disse que ia me ajudar a descobrir quem
foi”.
No entanto, para a estudante, não há dúvida de que foi o ex
quem divulgou, pois há anos era a única pessoa com quem se relacionava e com
quem já tinha gravado vídeos íntimos. “As imagens ficavam dentro de uma pasta
no celular, que fica dentro de outra. Para entrar nas duas é preciso de senha
que só ele sabe”, ressalta.
A garota lembra que o vídeo já tinha se espalhado quando ela
teve conhecimento: “Eu só chorava”. Ela afirma que no dia seguinte procurou a
delegacia para registrar a ocorrência.
“Meu celular resetava de tantas ligações. Meu Whatsapp
[aplicativo de celular para envio de mensagem] parecia uma calculadora, não
parava de somar, foram mais de 4 mil mensagens de desconhecidos com DDD do país
inteiro. Não respondi ninguém. Também tive que excluir minha conta no
Facebook”, declara a estudante.
Punição
Apesar de um inquérito policial estar em andamento, a jovem acredita que o suspeito de divulgar as imagens não será punido. “Não tem punição para este tipo de crime, não tem uma lei que enquadre ele. Ele até pode ser considerado culpado, mas não vai ficar preso. Ele nunca vai conseguir pagar pelo mal que me fez”.
Apesar de um inquérito policial estar em andamento, a jovem acredita que o suspeito de divulgar as imagens não será punido. “Não tem punição para este tipo de crime, não tem uma lei que enquadre ele. Ele até pode ser considerado culpado, mas não vai ficar preso. Ele nunca vai conseguir pagar pelo mal que me fez”.
Ao prestar depoimento, o suspeito negou as acusações. A
Polícia Civil ainda ouve testemunhas do caso. A delegada responsável pelas
investigações, Ana Elisa Gomes Martins, não quis divulgar o conteúdo dos
depoimentos "para não atrapalhar as investigações". Também é feita
uma perícia no celular da estudante.
Para a estudante, além de uma legislação sobre crimes
virtuais, é preciso criar uma delegacia especializada. "O assunto é novo.
Peritos e policiais não são especializados neste tipo de análise", afirma
a jovem.
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