Medida, aprovada na Câmara e que agora segue para o Senado, pode impactar estrutura de cargos e ganhos do setor público, dizem especialistas.
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Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 – Reprodução |
O governo Michel Temer apresentou a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 241, que pretende amenizar o rombo nas contas públicas.
Na última terça-feira (25 de outubro de 2016), o texto foi
aprovado em segundo turno pelo plenário da Câmara e agora segue para o Senado.
Ele estabelece um teto para o crescimento das despesas públicas federais e tem
recebido muitas críticas por alterar o financiamento em duas áreas essenciais
para o bem-estar da população: saúde e educação.
Mas como a PEC afeta os servidores federais?
Segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, há três
tipos de impacto.
O primeiro deles está descrito na proposta: caso o limite de
gastos seja descumprido por um Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário) ou
órgão, o mesmo não poderá conceder aumentos para seus funcionários nem realizar
concursos públicos. Outras sanções são impedir a criação de bônus e mudanças
nas carreiras que levem a aumento de despesas.
As medidas funcionam como uma forma de punição se a conta
não fechar.
Há também consequências que não são citadas na PEC, mas
podem vir após sua implementação, como o congelamento de salários e uma
discussão maior sobre distorções do funcionalismo público do país.
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Existe a possibilidade de q eu os funcionários públicos deixem de ganhar reajuste – Reprodução |
Salários congelados
De acordo com os especialistas, existe a possibilidade de
que, com a aprovação da proposta, os funcionários públicos deixem de ganhar
reajuste e não tenham suas remunerações corrigidas pela inflação mesmo com o
cumprimento do teto.
Mudanças na Previdência
Segundo cálculos do professor de economia da FGV e PUC-SP
Nelson Marconi, no ano passado os benefícios pagos a servidores federais
somaram R$ 105 bilhões.
"Pela magnitude do problema, não adianta imaginar que o governo pode reequilibrar despesas cortando passagem aérea, vigilância, segurança, como disse nas outras vezes. Dessa vez vai ter que acertar os grandes grupos de despesas."
Missão do funcionalismo
Um levantamento realizado pelo professor Nelson Marconi
mostrou que empregados da área pública ganham mais do que os da iniciativa
privada em todos os níveis de escolaridade. Entre os que têm ensino médio, por
exemplo, essa lacuna era em média 44% no ano passado.
"É uma parte do funcionalismo federal a que tem
salários muito mais elevados do que nós, reles mortais. Não dá para colocar
tudo num saco de marajás."
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