Há quase sete meses Michel Temer assumia a presidência, com a expectativa de que pudesse mudar os rumos da política e da economia brasileira.
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“Estou indignado com a irresponsabilidade de todo mundo” – Reprodução |
Desde então o turbilhão que atropelou o Governo de Dilma
Rousseff no final do seu mandato parece que nunca saiu de Brasília. Desde o dia
12 de maio, quando Temer chegou à presidência, caíram: seis ministros de Estado
e dois presidentes do Legislativo o número um da Câmara dos Deputados em maio,
e o número um do Senado Federal nesta segunda. A expectativa de que a mudança
de poder traria alento ao Brasil transformou-se em miragem.
O afastamento de Renan Calheiros, após o ministro do Supremo
Tribunal Federal Marco Aurélio de Mello acatar ação cautelar da Rede
Sustentabilidade, agravou ainda mais o quadro do Governo, e o assunto já é
tratado como uma crise institucional. A mesa diretora do Senado se negou a
seguir a decisão do ministro Marco Aurélio avisando que Renan ainda seria o
presidente até que o plenário do STF validasse sua decisão. O julgamento está
marcado para esta quarta.
A atitude da Mesa elevou a tensão a grau máximo entre os
senadores. “Estou indignado com a irresponsabilidade de todo mundo. Estamos a
seis dias da votação da PEC do teto e a 10 dias do fim do mandato do Renan. Que
irresponsabilidade! A crise é gravíssima! Não podiam pensar no Brasil? Agora
Renan não acata e estamos sem presidente, sem sessão, e é gente de todo mundo
ligando em pânico, gigantes do mercado perguntando se já não é hora de deixar o
Brasil”, disse o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), segundo o jornal O
Globo.
Às vésperas de cumprir 100 dias oficialmente no poder (Temer
foi confirmado no cargo em 31 de agosto quando o impeachment de Rousseff foi
validado no Senado), o cenário de instabilidade se instalou sem data para
terminar com a recessão e o arrocho fiscal juntos. Nesta terça, o Estado de
Minas Gerais declarou estado de calamidade pública por incapacidade de pagar
suas contas, incluindo dos funcionários públicos. É o terceiro Estado a
declarar incapacidade, depois do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Com projetos de lei e reformas impopulares que a presidência
considera fundamentais, como a PEC do Teto de Gastos e a Reforma da
Previdência, o desgaste tende a crescer à medida que a população vai se
conscientizando de perdas que o ajuste fiscal do atual Governo vai impor,
principalmente para os mais vulneráveis.
Se desagrada a população, ele ainda tem de mostrar força
perante a iniciativa privada e o mercado financeiro, que celebrou sua
confirmação como presidente. Com a crise política, agravada nesta segunda com a
queda de Renan, as reformas ainda correm o risco de não serem votadas
celeremente, comprometendo a recuperação econômica prometida por Temer. O vice-presidente
do Senado, o petista Jorge Viana, que deveria assumir a presidência caso Renan
seja afastado, já mostrou desinteresse em correr com a PEC do Teto dos Gastos.
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