“O impeachment ampliou o espaço do PMDB na política” – Reprodução |
Seria difícil prever que, quando foi reeleita em 2014 por
mais de 54 milhões de brasileiros, Dilma Rousseff não terminaria seu
mandato no tempo previsto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pois nesta
quinta-feira (31) já faz um ano que a petista não é mais presidente do
Brasil. Em 31 de agosto do ano passado, por volta das 13h30, 61 senadores outorgaram
a Dilma o posto de segunda presidente do Brasil a sofrer impeachment.
A petista deixou o cargo garantindo que a “história seria implacável
“, enquanto Michel Temer (PMDB) assumia oficialmente o comando do país com
a promessa de ser um governo de “travessia para dias melhores”. Um ano
depois, apenas 5% da população aprova a gestão do peemedebista, segundo dados
do CNI/Ibope. A menor aprovação de Dilma, por outro lado, foi de 9% em junho e
dezembro de 2015.
A mudança em todo o cenário político gerou algumas
consequências para o Brasil nos últimos 365 dias. Segundo especialistas ouvidos
por EXAME.com, no plano político, o impeachment representou a perda de
confiança na classe política. Do ponto de vista econômico, no entanto, o
impedimento de Dilma Rousseff culminou em uma guinada positiva para a economia
do país.
Retomada da economia
“O impeachment representou uma correção de rumo para o Brasil”, diz Carlos Pereira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ), em referência ao cenário econômico do país. “O principal efeito do impeachment foi o equilíbrio da política macroeconômica. Mesmo com evidências robustas de que o governo atual está envolvido em casos de corrupção, não há como negar que esse novo governante tem demonstrado muita capacidade em implementar reformas e corrigir negligências implementadas pela gestão anterior”.
Desgaste político
Por outro lado, afirma Cortez, o impeachment mostrou a
vulnerabilidade do mandato presidencial. “Na teoria, o sistema presidencialista
é aquele que opera com um mandato forte do presidente. O impeachment de Dilma,
por outro lado, mostrou que essa engrenagem é falha”, diz.
“A tensão gerada por esse rompimento também evidenciou a falta de confiança entre os partidos políticos, o que impede a construção de uma governabilidade minimamente estável”, afirma Cortez.
Novos atores e incertezas para 2018
O fim de mandato de Dilma em agosto passado, de certa forma,
ajudou a desequilibrar o jogo de forças da política fato que lança uma série de
incógnitas para as eleições presidenciais de 2018.
“O impeachment ampliou o espaço do PMDB na política. Ainda assim, o partido não tem uma liderança forte com projeção nacional e deve manter sua presença nas disputas pelas prefeituras nos próximos anos”, afirma Oliveira, da Pulso Público.
Já o PT, apesar de enfraquecido, permanece (por ora) na
liderança das pesquisas de intenção de voto com o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva como pré-candidato. Mas até a candidatura do petista segue
incerta, já que ele corre o risco de perder seus direitos políticos caso seja
condenado em segunda instância.
“Os desdobramentos da Operação Lava Jato, por exemplo, serão fundamentais para ditar o tom da disputa”, diz Oswaldo Martins do Amaral, cientista político Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). “A crise política deve colocar o país no mesmo cenário de 1989, com muitas candidaturas e dispersão de votos”. Com isso, fica difícil desenhar cenários para o futuro do país após o fim do mandato de Michel Temer.
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