Mesmo assim, Lula já não é tão competitivo – Reprodução |
Com 20% a 30% de preferências nas pesquisas sobre o voto
para a Presidência em 2018, Lula começou a assustar os que temem sua
volta ao poder. Não se pode, é certo, desprezar o carisma e a capacidade do
ex-presidente de conquistar mentes menos informadas.
Mesmo assim, Lula já não é tão competitivo. Para o
cientista político Cláudio Couto, o petista voltou a ser o que era
antes de 2002: “um candidato de piso alto e teto baixo”. O piso alto lhe dá um
lugar no segundo turno; o teto baixo lhe retira chances de vitória.
Lula pode tornar-se inelegível caso a sentença do juiz Sergio
Moro, que condenou o ex-presidente à prisão, seja confirmada em segunda
instância. A análise a seguir considera uma decisão que preserve seus direitos
políticos. A sua vitória de 2002 muito deveu a três mudanças. Primeira,
a da imagem, conduzida pelo marqueteiro Duda Mendonça. O mote “Lulinha paz
e amor” foi reforçado por filmes plenos de alegria e bom humor exibidos no
horário eleitoral. Agora, Lula voltou ao modo radical. Denominou-se “jararaca”
quando o juiz Sergio Moro decretou sua condução coercitiva para depor em inquérito
policial.
Segunda mudança: atrair um empresário de prestígio, José
Alencar, para vice na sua chapa. Isso dissipava o medo de um governo guiado
pelas ideias inconsequentes do PT. Para reforçar a mudança, veio a Carta
ao Povo Brasileiro, em que Lula afirmava estar comprometido a manter
compromissos internacionais (que se interpretou como o acordo com o FMI),
cumprir contratos e preservar metas de superávit primário.
O PT conquistou, assim, apoio de parte do empresariado e
financiamento de campanha. Agora, Lula tenta repetir o gesto com o filho de
Alencar, Josué, filiado ao PMDB. Não se sabe a reação ao convite, mas
parece natural que ele se negue a aceitá-lo. Em 2002, havia chances de vitória.
Agora, há incertezas, a maior delas se Lula será candidato. Mesmo que o convite
seja aceito, dificilmente isso conquistará apoio do empresariado. E
dificilmente será possível mobilizar recursos para repetir a rica campanha de
2002.
Terceira e mais importante mudança: parte considerável da
classe média, incluindo as do Sul e Sudeste, decidiu dar uma chance a Lula, o
que foi crucial para a sua vitória. Agora, essa mesma classe média tem alta
rejeição a ele. Segundo a pesquisa do Datafolha de junho passado, Lula era
rejeitado por 46% do eleitorado, mas por 56% no Sudeste e 51% no Sul. A
rejeição mais baixa ocorria no eleitorado mais fiel, o do Nordeste, com 26%.
Um presidente nunca se elegeu com rejeição superior a 40%. O
percentual pode cair na campanha, mas dificilmente ficará muito abaixo do
registrado pelo Datafolha para o Sul e o Sudeste. Assim, caso consiga de fato
candidatar-se, o prognóstico de Cláudio Couto tende a ser confirmado: Lula pode
ir para o segundo turno, mas dificilmente vencerá.
Fonte: Veja/S1Noticias
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