O pastor pediu para que um painel feito por crianças com bonecas negras fossem retirados de uma creche.
![]() |
O pastor pediu para que um painel feito por crianças com bonecas negras fossem retirados de uma creche-(Foto: Ricardo Medeiros/ Arquivo A Gazeta) |
O pastor João Brito, da Igreja Evangélica Batista de
Vitória, pediu que um painel feito por crianças que contém bonecas negras fosse
retirado de uma creche de Jardim da Penha, na capital do Espírito Santo.
Segundo o religioso, a boneca é “símbolo de macumba por se originar de uma
religião africana”.
A arte foi feita no Centro Municipal de Ensino Infantil
(Cmei) Professora Cida Barreto e são bonecas Abayomi, de origem africana. O
painel foi confeccionado por uma professora que dá aulas sobre a cultura do
povo africano e também sobre a cultura afro-brasileira. O projeto chama Abayomi
e faz parte do programa institucional da escola “Diversidade”, que trata da
questão étnica-racial.
Abayomi era uma boneca criada por mães africanas que rasgavam
retalhos de suas saias e confeccionavam através de tranças ou nós. As bonecas
são símbolo de resistência e serviam para acalentar os filhos durante as
viagens em navios de pequeno porte que realizavam o transporte de escravos
entre África e Brasil.
O prédio em que a escola funciona pertence à igreja, mas é
alugado pela Prefeitura Municipal de Vitória. O espaço onde são expostos os
trabalhos dos alunos é de uso compartilhado entre o Cmei e a igreja evangélica.
![]() |
“Se colocar qualquer símbolo religioso que confronte a
Bíblia eu tiro”- Reprodução
|
“Aquilo era um quadro com entidade de macumba. Se colocar
qualquer símbolo religioso que confronte a Bíblia eu tiro, eu tirarei e, se
repetir, eu tiro de novo”, enfatiza o pastor.
E continuou: “Quando foi feito o convênio com a prefeitura,
ficou acordado que não iríamos intervir em nada. A escola é laica. Em
contrapartida, a escola também não deveria fazer nada que contrariasse os
princípios evangélicos. Pra quê essa boneca? Tanta coisa para ensinar. Por que
ensinar isso?”, questionou Brito.
O religioso disse que este foi um caso isolado. Mas segundo
uma pessoa, que não quis se identificar, essa seria a segunda vez que um
projeto de origem africana é retirado. O primeiro caso foi em maio.
A secretária de educação de Vitória, Adriana Sperandio,
informou que será agendada uma reunião com o pastor na próxima semana sobre o
caso.
“A gente entende que, promovendo o diálogo, há perspectiva
de avançarmos nesse sentido. Sempre reconhecendo que a escola tem um projeto
pedagógico cuja ação é voltada para a formação para a cidadania e isso, sem
dúvida, deve ser assegurado”, afirmou.
Fonte: G1/S1Noticias
0 comentários:
Postar um comentário