“Eu sou feliz”. A frase dita por Adilson Silva Campos pega todo mundo de surpresa.
Exemplo de superação |
Adilson tem 29
anos, mas parece ter 18 ou menos. Com paralisia cerebral de nascença, ele se
contorce na cadeira de rodas fazendo um grande esforço para balbuciar as
palavras. O som sai entrecortado pelo esforço em se fazer compreensível. À
medida que fala mexe braços e pernas num movimento descontrolado como se a
qualquer momento fosse despencar do assento. Num primeiro momento a preocupação
de quem assiste à cena é tentar entender gestos e poses. Mas não bastam mais do
que cinco minutos para se entender a linguagem de Adilson e, melhor, tirar uma
lição de vida da convivência com ele.
Adilson traz na face e em todo o corpo a alegria de viver. O
rosto dele não só revela o gosto pela vida como tem sido o meio de comunicação
com o mundo. Com o queixo e a língua ele liga o computador, tecla, baixa
programas e se comunica nas redes sociais. “Quando a gente é deficiente tem que
ser criativo e descobrir formas de sobrevivência”, resume.
Mesmo com dificuldade para se comunicar, Adilson cativa a
pequena plateia que invadiu seu pequeno quarto numa das avenidas principais de
Itapetim, a 476 km do Recife, no Sertão, para assistir nossa conversa. Nada foi
fácil para Adilson desde que nasceu. Conta com a ajuda da mãe, Maria Lélia,
para se locomover e para todos os afazeres, até mesmo para comer. O pai,
Francisco, passa o dia fora de casa trabalhando como motorista. Por conta da
deficiência múltipla, Adilson passou longa parte da vida dentro de casa. A
própria mãe foi quem o ensinou a ler. Somente em 2011, Lélia resolveu vencer as
barreiras do preconceito acreditando que “a inclusão era o caminho” e que “ele
tinha o direito de estudar”. Adilson está matriculado numa escola estadual onde
cursa o nono ano do ensino fundamental.
Uma tarefa não muito fácil de ser cumprida a de ir à escola
e a outros lugares. Adilson pesa 90 quilos e não dispõe de uma cadeira de rodas
motorizada. Para auxiliá-lo na escola, o governo do estado disponibilizou um
professor cuidador que o acompanha na sala de aula, funcionando como uma
espécie de intérprete das suas palavras e ideias. “Na escola sou bem recebido.
Tenho meu grupo de amigos”, conta ele. Bastante conhecido na cidade, adora
forró e costuma frequentar a boate local. Como você se definiria, pergunto.
“Uma pessoa espontânea”, revela. E um sonho, você tem um sonho? “Sim, o detrabalhar um dia”, revela. A gente se despede de Adilson com a certeza de que
qualquer problema que se tenha é irrelevante diante da força de vontade dele em
superar os limites e ir além.
Sebastião Araújo/Diário de Pernambuco
Da redação do S1 Notícias
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