O problema é tão comum que, hoje em dia, não existe mais
câmera que não ofereça algum tipo de “redutor de olhos vermelhos”. Estes
recursos vão de uma luz auxiliar ou aquela piscada do flash antes da captura da
foto até correções digitais, realizadas na própria câmera, depois que o estrago
está feito. E, se a câmera não corrigir, não faltam opções de programas de
tratamento de imagem que, com maior ou menor eficiência, prometem eliminar os
desagradáveis olhos vermelhos.
Melhor do que consertar, no entanto, é evitar. E, para isso,
precisamos entender por que algumas fotos com flash provocam olhos vermelhos e
outras, não. Como todos devem imaginar, o problema é causado pelo reflexo
da luz do flash no fundo dos nossos olhos, onde a grande concentração de vasos sanguíneos
ajuda a produzir a coloração vermelha. Para combater os olhos vermelhos, então,
é preciso impedir que esse reflexo chegue na lente da câmera.
Talvez você já tenha ouvido ou reparado que pessoas de olhos
claros sofrem mais com esses reflexos. É verdade, mas não exatamente por causa
da cor da íris, e sim porque elas também costumam ter menor concentração de
melanina no corpo como um todo – inclusive no olho. Sem a melanina para
absorver a luz, as chances de reflexo aumentam. E quanto aos animais, que frequentemente
exibem reflexos esverdeados em vez de vermelhos, não é que o sangue deles seja
de outra cor, mas por causa das dimensões e pigmentos de seus olhos.
É tudo uma questão de ponto de vista
Imagine um triangulo cujos vértices estejam localizados no
flash, na lente e no fundo do olho da pessoa a ser fotografada. Para a luz
refletida atingir a lente, a ponta desse triângulo imaginário precisa “caber”
na pupila do olho – aquele orifício escuro que se contrai quando olhamos para a
luz e se dilata quando estamos em um ambiente escuro. Quanto mais dilatada a
pupila, maiores as chances do flash produzir olhos vermelhos, pois o ângulo com
que a luz consegue entrar e sair do olho aumenta.
É por isso que, em situações de pouca luminosidade (nas
quais nossas pupilas se dilatam), a incidência de olhos vermelhos é maior. Isso
explica, também, o funcionamento dos redutores de olhos vermelhos: a luz
emitida pela câmera antes da captura, ao provocar a contração da pupila, reduz
o ângulo em que o flash consegue atingir o olho e voltar para a lente.
A forma mais natural de evitar olhos vermelhos, no entanto,
é deixar nossas pupilas em paz e mexer nos outros vértices do triângulo.
Afinal, se diminuirmos seus ângulos, o ângulo do vértice que chega ao olho
aumentará, eliminando o reflexo. E diminuir os outros ângulos é tão simples
quanto aproximar a câmera da pessoa fotografada ou, se possível, afastar o
flash da lente.
Já reparou que as câmeras mais avançadas costumam ter um
flash do tipo pop-up, que se eleva acima do corpo da câmera quando é
requisitado? É justamente para aumentar a distância dele para a lente. Nas
ultracompactas, por outro lado, as dimensões da câmera já são tão reduzidas que
não há como afastar suficientemente o flash, o que faz com que elas sofram mais
com olhos vermelhos.
Por fim, mesmo câmeras com flash externo, bem afastado da
lente, podem ser afetadas pelo problema quando a foto é tirada de muito longe,
pois a distância até o olho joga contra a separação do flash. Pior: como estes
flashes costumam ter um alcance muito superior aos embutidos, seu uso a longa distância,
apontados para os olhos de alguém, praticamente garante os reflexos
indesejados.
O que fazer na prática
No dia-a-dia, o que tudo isso quer dizer é que devemos
evitar fotos com flash de pessoas olhando para a câmera em ambientes pouco
iluminados, ficar o mais próximo possível delas (nada de zoom, portanto) e, se
a câmera permitir, usar um flash externo mais distante da lente. Se o flash
puder ser indireto, rebatido no teto ou difuso, melhor ainda.
Caso nada disso seja possível e a pessoa a ser fotografada
estiver disposta a colaborar, sempre se pode pedir que ela olhe fixamente para
alguma fonte de luz antes da foto ou que não olhe na direção da câmera. Se não,
o jeito será apelar para as ferramentas de correção de olhos vermelhos, que
reduzem a saturação desses tons e o brilho na região de cada olho. Ou então
chutar o balde e fazer como na época do filme, em que algumas lojas de
fotografia vendiam uma caneta hidrocor para você encobrir os reflexos já nas
fotos impressas.
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