Uma vacina desenvolvida no Brasil contra a dengue será
experimentada em 300 voluntários durante os próximos cinco anos para analisar
eficácia e segurança, informou neste sábado o Ministério da Saúde, que investiu
R$ 200 milhões no projeto.
"Se a vacina for aprovada em todos os períodos do
estudo clínico (com humanos) poderá ser comercializada e distribuída à
população. A perspectiva do governo em caso de sucesso em todas etapas é
atender a demanda global e exportar a vacina", segundo o comunicado
divulgado pelo Ministério.
O início dos testes em humanos foi autorizado ontem pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A vacina, aprovada em
laboratório e com animais, foi desenvolvida pelo Instituto Butantã, e é
tetravalente, capaz de prevenir a população contra os quatro tipos de dengue.
A vacina já teve resultados bem-sucedidos em provas de
segurança realizadas com 20 voluntários nos Estados Unidos, que participam da
pesquisa através de uma de suas agências estatais de saúde.
Os pesquisadores do Instituto Butantã começaram a trabalhar
na vacina em 2006. Foi montado um laboratório piloto especial e criado um banco
de células e de vírus dos quatro tipos da doença.
Os experimentos com humanos serão realizados por três
centros de estudos médicos de São Paulo, vinculados à Faculdade de Medicina da
USP: o Instituto Central, o Instituto da Infância e o Hospital das Clínicas.
"O avanço da pesquisa de um laboratório público reforça
o compromisso do país com o combate ao dengue", disse o ministro
brasileiro de Saúde, Alexandre Padilha.
O ministro destacou o caráter vanguardista do projeto
imunobiológico desenvolvido pelo Butantã já que até agora não foi produzida uma
vacina contra a dengue em nenhum país, apesar de vários grupos de pesquisadores
já terem imunizantes em fase de testes.
Segundo o Ministério da Saúde, o estudo terapêutico piloto
tem por objetivo verificar a segurança do princípio ativo e a bioequivalência
de diferentes formulações do produto.
As provas são realizadas em um número limitado de pessoas e
registram as respostas dos organismos dos voluntários a diferentes doses
administradas. "A partir dos resultados desta fase, o estudo poderá ser
ampliado a um público maior e em longa escala, na fase três do estudo
clínico", explicou o Ministério.
Além do Instituto Butantã, o Instituto de Tecnologia de
Imunobiológicos (Biomanguinhos), vinculado ao Ministério da Saúde, estuda desde
2009 uma nova vacina contra a dengue desenvolvida em parceria com o laboratório
privado GSK.
Como ainda não existe vacina contra a dengue, a única
ferramenta disponível até agora para prevenir a doença é a eliminação dos focos
de reprodução do mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus responsável da
doença.
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