Um jornal indiano, chamado Mangalam, recentemente publicou algumas dicas “científicas” para ajudar os pais interessados em conceberem meninos.
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Conceber uma menina ou menino tem tudo a ver com dois cromossomos: X e Y – Reprodução |
Sabendo disso, um blog feminista indiano, The Ladies
Finger, traduziu as dicas, mas seguidas de comentários sarcásticos sobre a
notável preferência em ter meninos. As sugestões, de acordo com a Science Alert,
incluíam a ideia de que o homem deveria comer mais alimentos salgados, nunca
pular o café da manhã, ingerir mais calorias, comer carne de carneiro, dormir
com o rosto para a esquerda ou virado para o oeste, bem como fazer sexo nos 1º,
3º, 5º e 7º dias da semana, uma vez que, “cientificamente” o esperma é mais
forte durante estes.
A descendência masculina ainda é considerada um grande
problema em algumas partes do sul da Índia. Como consequência, há uma grande
quantidade de abortos seletivos, bem como discriminações de gênero no campo da
educação, emprego e até mesmo vida familiar.
Devido à prevalência de sociedades dominadas por
homens, ao longo da história foram levantadas inúmeras teorias não científicas
relacionadas a conceber crianças do sexo masculino. Por exemplo, um anatomista
francês no século 18, Procope-Couteau, chegou a sugerir que isso poderia ser
feito se o homem cortasse o testículo esquerdo. A teoria, sem surpresa alguma,
não é mais considerada verídica, mas outras ideias e superstições ainda estão
por aí.
Na verdade, conceber uma menina ou menino tem tudo a
ver com dois cromossomos: X e Y. A combinação deles resulta na formação do
gênero XY para os homens e XX para as mulheres. Logo, os homens produzem dois
tipos diferentes de esperma, um primeiro carregando o cromossomo X e um segundo
carregando o Y. Quando eles se fundem com o óvulo da mulher, que contém apenas
cromossomos X, a combinação ocorre (XY ou XX).
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A combinação resulta na formação do gênero XY para os homens e XX para as mulheres – Reprodução |
Esse, no entanto, é considerado um processo completamente
aleatório, embora existam alguns estudos científicos que tentem explicar como a
determinação do sexo nas populações pode sofrer influências.
Algumas das dicas propostas pelo jornal indiano podem ter
sido fundamentadas por antigos estudos. Por exemplo, a alegação que envolve não
pular o café da manhã parece ter vindo de um estudo realizado há alguns anos
que dizia que as mães que comem cereais são mais propensas a terem meninos, uma
vez que os alguns nutrientes poderiam favorecer a sobrevivência de embriões
masculinos.
Um outro estudo realizado no Japão, em 2014, descobriu
que o aumento da temperatura no país estava criando uma população maiormente
feminina. Isso, de fato, não tinha muito a ver com a concepção, mas sim com a
ideia de que os fetos masculinos eram mais vulneráveis ao estresse causado pelo
aquecimento.
Alguns outros estudos científicos sugeriram que certos
fatores poderiam influenciar a determinação do sexo, embora não fossem
passíveis de serem testados em casa. Em 2008, por exemplo, um publicado pela
revista Evolutionary Biology, sugeriu que mais meninos são concebidos em
tempos de guerra e conflitos sociais. Os pesquisadores argumentaram que um gene
ativo apenas em homens pode influenciar a proporção de espermatozoides com
cromossomos Y. Logo, poderia ser que o estresse da guerra causasse uma maior
expressividade e produção deste.
Em um outro, publicado em 2009 pela PLOS One,
pesquisadores encontraram uma estranha relação entre bilionários e meninos.
Eles sugeriram que homens ricos, em 60% das vezes, têm mais filhos meninos, o
que é significativamente maior do que a população em geral.
Agora, realisticamente falando, e considerando que você não
pretenda conceber por meio de fertilização in vitro, há pouca ou nenhuma
forma de influenciar diretamente a escolha do sexo de uma criança. Conforme
explica o Princípio de Fisher, a razão sexual que tende a ser de 1:1 entre
homens e mulheres, encontrada na maioria das populações, só pode ser explicada
através da seleção natural.
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