Autoridades tentam identificar os responsáveis por uma campanha contra o papa Francisco, lançada por centenas de cartazes criticando o pontífice.
"Certamente, estas palavras injuriosas não têm a mesma gravidade” – Reprodução |
O papa Francisco criticou o que chamou de banalização
das injúrias neste domingo (12), falando na Praça de São Pedro, sem aludir
diretamente aos ataques anônimos que recebeu na última semana.
Por ocasião da oração dominical do Ângelus, o Papa se
referiu ao mandamento de Jesus de "não matarás", que engloba também
outros "comportamentos que ofendem a dignidade da pessoa humana, incluindo
as palavras injuriosas".
"Certamente, estas palavras injuriosas não têm a mesma
gravidade e culpabilidade do assassinato, mas estão na mesma linha, porque são
suas premissas e revelam a mesma malevolência", afirmou.
"Estamos acostumados a insultar, é como dizer 'bom
dia', mas quem insulta o irmão mata em seu próprio coração o irmão",
acrescentou, incentivando os fiéis a evitarem as ofensas.
Campanha contra o papa
Autoridades italianas tentam identificar os responsáveis por
uma campanha sem precedentes contra o papa Francisco, lançada em Roma por meio
de centenas de cartazes criticando o pontífice.
Os cartazes apareceram durante o fim de semana passado nos
muros de vários bairros centrais da capital italiana e neles se vê a imagem de
Francisco, com cara de raiva e uma legenda em dialeto romano.
"A France (Francisco), você tutelou congregações,
removeu sacerdotes, decapitou a Ordem de Malta e a dos Franciscanos da
Imaculada, ignorou cardeais, ma n'do sta la tua misericórdia (onde está a sua
misericórdia?)", diz o cartaz em tom irônico.
As acusações a Francisco dizem respeito a problemas que ele
teve com os setores mais conservadores da Igreja Católica e da Cúria Romana, a
poderosa máquina central da Igreja.
Os dizeres citam, entre outros, a guerra travada com a Ordem
de Malta e a aposentadoria forçada do ultraconservador Stefano Manelli, de 83
anos, fundador em 1970 da ordem dos Frades Franciscanos da Imaculada.
Também critica o fato de que o Papa "ignora
cardeais", em uma alusão aos quatro cardeais ultraconservadores que
pediram publicamente em uma carta datada de setembro que Francisco corrija os
"erros doutrinais" de sua encíclica Amoris Laetitia.
A polícia analisa as imagens de câmeras de segurança para
tentar determinar os responsáveis pelo ato.
Em um programa de televisão, o cardeal Marc Ouellet,
prefeito da Congregação dos Bispos, conhecido por suas posições conservadoras,
condenou "os métodos anônimos, inspirados pelo diabo, que querem semear a
divisão".
No final de semana, um falso "Osservatore Romano",
o jornal oficial do Vaticano, chegou ao correio de inúmeros cardeais e bispos.
Na publicação, o Papa era novamente criticado de forma mais sutil e em tom de
sátira.
Os assessores do santo pontífice minimizaram ambos
incidentes. Segundo o jornal La Stampa, após ser informado da campanha, o Papa
reagiu com "serenidade e indiferença".
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