Cidade portuguesa deve receber até 1 milhão de pessoas no fim de semana para a canonização de duas das três crianças que, segundo a crença popular, viram a Virgem Maria.
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A Igreja está muito atenta à vitalidade da religiosidade popular em milhões de fiéis – Reprodução |
O papa Francisco fará uma peregrinação na sexta-feira (12) a
Fátima, Portugal, local de grande fervor popular que receberá até 1 milhão de
fiéis para a canonização de duas das três crianças pastoras que afirmaram ter
testemunhado seis aparições da Virgem Maria há cem anos.
À espera de sua chegada, as autoridades portuguesas reforçam
a segurança, conscientes do grande número de fiéis que devem acompanhar a visita
do pontífice.
Uma multidão de 400 mil peregrinos de todo o mundo deve se
reunir na grande esplanada da Basílica de Fátima para a passagem do
"papamóvel" na tarde de sexta-feira, enquanto milhares de pessoas
terão que acompanhar as cerimônias em um telão.
A pequena cidade de 12 mil habitantes receberá no fim de
semana 40 mil pessoas que chegarão a pé, 2 mil jornalistas, 100 grupos de
peregrinos, 2 mil padres, 71 bispos, oito cardeais e 350 enfermos, informou
Carmo Rodeia, diretora do santuário.
Muitos peregrinos irão de outros continentes, especialmente
da América Latina, mas também da Ásia. A população portuguesa (10,3 milhões de
pessoas, 89% delas católicas) terá grande representação e, por este motivo, o
papa vai falar em português.
Após sua chegada, Francisco seguirá para a Capelinha das
Aparições, construída no local onde, segundo a crença popular, a Virgem
apareceu pela primeira vez, em 13 de maio de 1917, aos três pastorzinhos.
A mãe de Jesus teria aparecido em seis ocasiões, entre maio
e outubro de 1917, aos irmãos Jacinta (7 anos) e Francisco (9) Marto e a sua
prima Lucia dos Santos (10), a quem revelou três "segredos", que a
Igreja Católica considerou como proféticos da história do século 20. Jacinta e Francisco foram beatificados por João Paulo II em
Fátima em 13 de maio de 2000. Desde 2008, o Vaticano pretende beatificar Lucia dos Santos,
que se tornou freira e morreu em 2005.
Religiosidade popular
As revelações reportadas pelas três crianças, assim como os
milagres que permitirão ao papa canonizar no sábado os irmãos Francisco e
Jacinta, não constituem dogma, ou seja, não existe a obrigatoriedade de que
todos os católicos acreditem. Mas a Igreja está muito atenta à vitalidade da religiosidade
popular em milhões de fiéis.
"A Igreja deve partir das experiências das pessoas. Se não o faz, teria uma posição absolutista, um magistério abstrato", explica o professor de Teologia Ermenegildo Manicardi.
A Santa Sé, por exemplo, demonstra ser muito reticente em
reconhecer as supostas aparições constantes da Virgem há três décadas em
Medjugorje (sul da Bósnia e Herzegovina), apesar de ter deslocado um enviado
especial para conhecer "as necessidades" de 1 milhão de peregrinos
que visitam anualmente o local.
As revelações sobrenaturais a fiéis são igualmente consideradas
pela Igreja Católica como "uma ajuda" possível para a vida espiritual
em momentos difíceis.
De fato, as aparições de Fátima aconteceram durante a Guerra
Mundial e após sete anos de perseguições violentas contra a Igreja em Portugal,
país que se tornara laico e anticlerical, recorda Carlos Alberto de Pinho
Moreira Azevedo, do Conselho Pontifício da Cultura do Vaticano.
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