Bactérias causadoras penetram mais facilmente na corrente sanguínea durante a gestação
![]() |
Foto: Shutterstock |
A gravidez é um período de constantes mudanças que vão além
da barriga que cresce para abrigar o bebê em formação. Quem já passou por isso
sabe que apesar de ser uma das experiências mais bonitas que uma mulher pode
viver, há também alguns incômodos. Todo o metabolismo se altera, a gestante
fica mais sensível, sente mais sono, desejos por comidas estranhas, enjoos… Com
tantas novas preocupações, as futuras mamães não podem esquecer de manter os
cuidados com sua saúde bucal.
Durante a gestação deve-se ir ao dentista com a mesma
frequência, ou ainda mais vezes do que antes. Além do acompanhamento do
desenvolvimento do bebê e dos demais exames, o pré-natal inclui também cuidados
com a saúde bucal das futuras mamães. “A mulher deve continuar tendo os mesmos
cuidados de quando não estava grávida, com alimentação saudável e higiene bucal
adequada, não deve ter problema nenhum”, afirma a professora da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE) e consultora da Associação Brasileira de
Odontologia (ABO) Márcia Vasconcelos.
Ela explica que a única diferença em relação às outras
pessoas é a indicação de que sejam evitados tratamentos odontológicos no
primeiro trimestre da gravidez, pelo risco de complicações no período delicado
da formação do embrião. A recomendação também vale para o final da gravidez,
neste caso para evitar desconforto à própria gestante, pelo tamanho da barriga.
“É claro que se for algo urgente, ou se a paciente estiver com dor, é melhor
fazer o tratamento. O dentista deve avaliar o que é melhor.”
De acordo com a professora, é um mito a crença de que a
gravidez piora a saúde bucal. Ela explica que as alterações metabólicas que
ocorrem neste período fazem com que as bactérias causadoras da gengivite
penetrem mais facilmente na corrente sanguínea, deixando as gestantes mais
suscetíveis à doença. No entanto, se forem mantidos os hábitos de higiene -
iguais para todos - não há motivos para preocupação.
Além da própria saúde, há ainda mais um motivo para não
descuidar da higiene bucal durante a gravidez: segundo Márcia, alguns estudos
relacionam doenças periodontais a um risco maior de parto prematuro. Um dos
estudos pioneiros sobre o assunto foi realizado em 1996 por Steven Offenbacher,
do departamento de Periodontia da Escola de Odontologia da University of North
Carolina, nos Estados Unidos. No trabalho, foi constatado que mães com
patologias periodontais apresentaram risco 7,5 vezes maior de nascimentos
prematuros e bebês com baixo peso para a idade gestacional do que as que não
tinham problemas gengivais. Uma possível explicação seria a entrada dos micro-organismos
responsáveis pelos problemas periodontais da mãe na corrente sanguínea, podendo
alcançar a placenta e o líquido amniótico, aumentando o risco de antecipar o
parto.
0 comentários:
Postar um comentário